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POLÍTICA Terça-feira, 01 de Junho de 2021, 15:28 - A | A

01 de Junho de 2021, 15h:28 - A | A

POLÍTICA / PROFISSIONAIS EXPOSTOS À PANDEMIA

Jornalistas defendem vacinação e criticam MP por tentar barrar imunização

Abraão Ribeiro
Única News



A notificação do Ministério Público do Estado (MPMT) contra a prefeitura de Cuiabá por ter incluído jornalistas, dentre outras profissões, no grupo prioritário de vacinação contra a covid-19, revoltou profissionais da área nesta terça-feira (1º). A vacinação da categoria foi um pedido atendido pelo prefeito Emanuel Pinheiro (MDB), que se sensibilizou com a situação dos jornalistas.

A jornalista M.C.A, que não quis se identificar, questionou a atitude do MPMT e ressaltou que a imprensa não parou durante a pandemia, levando informações essenciais à população. O trabalho dos veículos de imprensa sempre esteve exposto às aglomerações e ao risco de levar a doença para a casa, segundo M.C.A.

“A imprensa está 100% na linha de frente, desde sempre, principalmente agora na pandemia. É 24h na porta das ruas, de hospitais, clínicas, onde tem aglomeração, fazendo matéria e informando. Como não é prioridade? Que absurdo, isso. Como podem ser tão insensíveis com a imprensa, ter tanta falta de empatia? O pessoal da imprensa tem família”, declarou a jornalista ao Única News.

"Nós profissionais da imprensa somos muito gratos ao prefeito Emanuel por ter se lembrado de nós, por ter nos dado a oportunidade de vacinar em um momento tão crítico, onde não saimos das ruas 24h fazendo cobertura", completou.

O MPMT informou nesta terça-feira que notificou Cuiabá e Acorizal para que suspendam a vacinação de grupos prioritários que não estão inclusos no Plano Nacional de Operalização (PNO). Recentemente, além de jornalistas, o prefeito da capital incluiu assistentes sociais, motoristas de ônibus, catadores de recicláveis, carroceiros, dentre outros profissionais, na vacinação contra a covid-19.

É importante ressaltar também que o próprio Governo Federal e Ministério da Saúde classificaram o jornalismo como serviço essencial. Como o Plano Nacional de Imunização (PNI) se trata de apenas uma recomendação, o prefeito de Cuiabá não precisa, sequer, responder ao MP.

A jornalista de Cuiabá Juliana Alves, de 24 anos,  afirmou ao Única News que os profissionais da área são responsáveis por estar nas ruas mostrando a realidade à população. Além disso, ela enfatizou a vulnerabilidade dos trabalhadores em meio à pandemia na cobertura jornalística.

“Somos os responsáveis por estar nas ruas, cobrindo o cotidiano, tendo contato com várias pessoas e levando informação para a população. Já perdemos muitos colegas de profissão, já tivemos redações inteiras infectadas. Nem todos tiveram o privilégio de ficar trabalhando em home office. Quando temos contato com tantas pessoas, desde o transporte público ao nosso local de trabalho, dentro de delegacias, cobrindo a própria pandemia em hospitais, estamos colocando em risco a nossa própria saúde e possivelmente levando o vírus para dentro de casa”, disse Juliana.

Ela rebateu a atitude do MPMT em notificar a prefeitura de Cuiabá para suspender a vacinação de jornalistas e outros grupos que não estão incluídos no Plano Nacional de Operacionalização e disse que o órgão deveria cobrar mais doses à população.

“Não estamos tirando o imunizante de ninguém. A vacina contra a covid-19 também é nossa. Ao estar nas ruas cobrindo diariamente os acontecimentos, estamos na linha de frente, assim como outras profissões. O Ministério Público deveria se preocupar em cobrar mais doses, em cobrar medidas que evitem uma terceira onda da pandemia no estado”, lamentou.

Dados da Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj) apontam que o Brasil é o país com maior número de jornalistas mortos em decorrência do vírus. De acordo com o dossiê produzido pela instituição, 169 jornalistas morreram entre abril de 2020 e março de 2021. O documento aponta que o número de mortes em três meses de 2021 supera todo o ano de 2020, quando foram registradas 78 mortes de abril a dezembro. Este ano, são 86 vítimas, percentual 8,6% maior que no total de 2020.

Sensibilizado pela situação da classe, o prefeito Emanuel Pinheiro (MDB) incluiu os profissionais no grupo prioritário, e a vacinação teve início no dia 27 de maio. O chefe do Executivo municipal ressaltou a importância dos jornalistas no combate à covid-19.

"Entendo que são profissionais que estão trabalhando na linha de frente, a informação é uma necessidade. Cuiabá, dia e noite, trabalha para garantir a vacinação de toda a população", ressaltou o prefeito.

Em nota, a prefeitura de Cuiabá, por meio da Secretaria Municipal de Saúde (SMS), rebateu o MPMT e afirmou que o município tem autonomia para decidir o seu plano de imunização e organizar os grupos prioritários.

“Com a lógica tripartite do Sistema Único de Saúde (SUS), Estados e Municípios têm autonomia para montar seu próprio planejamento e dar vazão à fila de acordo com as características de sua população, demandas específicas e doses disponibilizadas”, diz trecho da nota.

A prefeitura ressaltou ainda que as decisões de Emanuel são baseadas na realidade local e em diálogo com a sociedade. Devido ao contato direto com um número expressivo de pessoas, o prefeito destacou que esses profissionais, incluindo jornalistas, estão mais expostos ao contágio pelo vírus.

“O prefeito Emanuel Pinheiro tem se valido dessa autonomia para, em alguns casos, determinar novos grupos prioritários, sempre observando a realidade local e em diálogo com a sociedade civil organizada. É o que aconteceu, por exemplo, com a vacinação do grupo de pessoas consideradas em situação vulnerabilidade servidores do Sistema Único de Assistência Social que atuam no Município e jornalistas, categorias essas que estão na linha de frente da pandemia”, afirmou.

A equipe do Única News tentou contato com o secretário estadual de Saúde, Gilberto Figueiredo, para comentar sobre o caso, mas não obteve retorno. O espaço continua aberto para manifestações.

Leia a nota da prefeitura na íntegra:

A Prefeitura de Cuiabá, através da Secretaria Municipal de Saúde (SMS), informa que segue o Plano Nacional de Imunizações (PNI) com relação à vacinação, tanto da Covid-19 quanto de outros tipos de vacinas.
No entanto, como o próprio Ministério da Saúde admite, o PNI tem caráter de recomendação aos Estados e Municípios. Com a lógica tripartite do Sistema Único de Saúde (SUS), Estados e Municípios têm autonomia para montar seu próprio planejamento e dar vazão à fila de acordo com as características de sua população, demandas específicas e doses disponibilizadas.

O prefeito Emanuel Pinheiro tem se valido dessa autonomia para, em alguns casos, determinar novos grupos prioritários, sempre observando a realidade local e em diálogo com a sociedade civil organizada. É o que aconteceu, por exemplo, com a vacinação do grupo de pessoas consideradas em situação vulnerabilidade (composto por motoristas de ônibus, carroceiros, catadores de recicláveis e trabalhadores da limpeza urbana), servidores do Sistema Único de Assistência Social que atuam no Município e jornalistas, categorias essas que estão na linha de frente da pandemia, no atendimento à população e colaborando com o cadastro da campanha de vacinação (com é o caso dos servidores que atuam nos CRAS) ou em frentes de trabalho que exigem o contato direto com número expressivo de pessoas.

Importante lembrar que no caso dos trabalhadores do transporte coletivo, trabalhadores de limpeza urbana e manejo de resíduos sólidos e profissionais da imprensa que atuam em emissoras de rádio e televisão (que se enquadram como trabalhadores da indústria), tratam-se de grupos já contemplados no PNI, ou seja, a Prefeitura de Cuiabá apenas antecipou a vacinação dos mesmos.

Seguindo à risca o PNI, Cuiabá já vacinou mais de 121% da estimativa de trabalhadores da saúde, 87% dos idosos, 53% das pessoas com comorbidades e 59% do grupo de trabalhadores das Forças de Segurança e Salvamento, para citar alguns exemplos de grupos contemplados no PNI. No grupo de pessoas com comorbidades ou deficiência permanente, se observou baixo número de cadastros no site vacina.cuiaba.mt.gov.br, o que possibilitou que parte das vacinas fossem destinadas aos demais grupos prioritários definidos pelo Município.

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