Única News
Da Redação
A Assembleia Legislativa de Mato Grosso (ALMT) colocou o Banco do Brasil no centro do debate sobre o superendividamento de servidores públicos estaduais.
O deputado Wilson Santos (PSD) apresentou o Requerimento nº 334/2025, convocando a superintendente da instituição em Mato Grosso, Wanda Aparecida da Silva Ribeiro, para prestar esclarecimentos sobre os indícios de que o banco, detentor da folha de pagamento do estado, estaria ignorando o limite legal de 35% para empréstimos consignados, empurrando servidores para dívidas ainda maiores fora da folha.
Dados da Secretaria de Planejamento e Gestão (Seplag) revelam que 42,5% dos servidores de Mato Grosso já estão com descontos acima dos limites normativos para consignações, totalizando mais de 20 mil funcionários públicos superendividados.
Desse grupo, cerca de 2.700 servidores excedem o limite de 15% no cartão de crédito consignado, e outros 3 mil ultrapassam os 10% no cartão benefício.
Karine Campos

Deputado Wilson Santos
Como o Banco do Brasil estaria agindo
Wilson Santos detalhou a suposta estratégia da instituição. Segundo o deputado, o Banco do Brasil, por ter acesso direto à folha de pagamento, detectaria quando o servidor atinge o teto da margem consignável.
Nesse ponto, em vez de interromper a oferta de crédito consignado, o banco estaria oferecendo novos empréstimos com taxas muito mais altas, que não são descontados diretamente da folha, mas sim diretamente da conta corrente do servidor.
O parlamentar classificou a prática como um "abuso institucionalizado", comparando-a a uma "voracidade" sobre os servidores.
"Eles compram as férias e o décimo terceiro do servidor. Nunca na história dos servidores de Mato Grosso foram tão explorados como estão sendo agora, todo mundo que pode está tirando um pedaço deles", indignou-se Wilson Santos.
As denúncias atuais se somam às denúncias mais recentes, que já apontavam para práticas de outras empresas, como o suposto "tele saque" via cartão de crédito consignado e a dificuldade em obter cópias de contratos, levando a dívidas que não correspondem ao valor efetivamente recebido.
A data para a oitiva será definida em comum acordo entre os deputados e a instituição, com prazo limite até 16 de julho de 2025.
ENTENDA A FRAUDE QUE ABALOU O ESTADO
A fraude que atingiu servidores estaduais foi revelada por sindicatos de servidores. As denúncias apontam para a empresa Capital Consig e operações ligadas ao MTCard (um cartão do governo estadual) como o foco de um esquema que pode ter causado bilhões de reais em prejuízo aos servidores.
A mecânica da fraude era cruel: servidores recebiam valores de empréstimos muito menores do que o solicitado, mas eram cobrados por dívidas muito maiores – em alguns casos, até 1.000% a mais. A Capital Consig é acusada de não entregar o cartão físico e de não registrar as operações no Banco Central, fazendo depósitos diretos (via PIX ou TED) para simular empréstimos comuns.
Um dos pontos mais críticos é que a soma da margem de desconto do MTCard com a dos consignados comprometia até 50% do salário dos servidores, o que é ilegal, já que o limite permitido por lei é de 35%. Essas operações, segundo as denúncias, ocorrem desde 2021, levando servidores aposentados a receberem menos de R$ 35 por mês, com quase todo o rendimento comprometido.
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