Luana Valentim
(Foto: AL-MT)
Após a Procuradoria-Geral da Assembleia Legislativa ter dado um parecer favorável ao pedido de afastamento do governador Pedro Taques (PSDB) e ter concedido ao presidente da Casa, Eduardo Botelho (DEM), o poder de decisão sobre colocar ou não em votação no plenário, a deputada estadual, Janaina Riva (MDB), avaliou em entrevista à Rádio Capital FM, nesta quinta-feira (8), que o democrata tem um excesso de zelo e grande preocupação de colocar o pedido em pauta.
Janaina disse que acredita ser desnecessário essa cautela de Botelho, pois o importante da votação do afastamento em plenário seria para que cada um dos deputados pudesse se posicionar acerca dos fatos delatados pelo empresário Alan Malouf, em que ela avalia serem muito graves.
“Ontem mesmo eu recebi algumas mensagens de servidores, à meia-noite, empilhando, tirando cópias e movimentando documentos dentro do Palácio Paiaguás que aparentemente se tratam daqueles que foram citados pela delação do Alan Malouf. Então, isso que é a minha preocupação, eu queria que situações como essas não acontecessem”, afirmou.
A parlamentar ainda destacou que aparentemente Taques está usando da estrutura do governo para promover, inclusive, a sua defesa. E que se ele usa para esse tipo de ato, a probabilidade de ocultar provas e fazer qualquer movimentação para evitar a punibilidade é muito grande.
Janaina explicou que o pedido de afastamento é nesse sentido, de evitar que a máquina pública continue sendo usada por meio daqueles que recebem incentivos de forma ilegal. ‘O governo ainda insiste em questionar a delação que foi homologada pelo STF’.
“Se a delação tivesse qualquer dúvida por parte dos magistrados, ainda se tratando da última instância do Brasil da Justiça brasileira, eu acredito que ela não teria sido homologada. Mas ela foi, o governador está no mandato e os crimes citados ocorreram”, disparou.
Para ela, o governo está usando de toda a estrutura do Palácio Paiaguás para contestar tudo o que foi delatado pelo empresário.
Questionada sobre o fator tempo, uma vez que faltam menos de dois meses para acabar o mandato de Taques, a emedebista pontuou que é mesmo que faltasse apenas um dia, a Assembleia precisa demonstrar que de fato entenderam o recado das urnas – sendo que dos 24, apenas 10 se reelegeram -, principalmente, porque o presidente da República eleito, Jair Bolsonaro (PSL) foi o mais votado em Mato Grosso se comparado a outros estados e foi com um discurso de combate a corrupção.
“Eu acredito também que da mesma forma que eu penso é o que a população hoje pensa. Nem que faltasse um dia ou 40 minutos para terminar o mandato, a Assembleia não vai fazer nada? Isso vai passar em branco para o Parlamento? A impressão que eu tenho é que os deputados não querem causar polêmica. E foi por isso, na minha opinião, que houve uma renovação tão grande na Assembleia que em todos os momentos que precisou se posicionar, não fizeram isso”, declarou.
Completou ainda que a postura da Assembleia tem que mudar, precisando oferecer as pessoas ao menos a impressão e a confiança de que está de ouvidos e olhos virados para o povo, mas lamentou que infelizmente essa não é a realidade.
Ela relatou que chegou a brincar com Botelho nesta quarta-feira, o questionando se estaria com medo de assumir o governo, pois ele automaticamente substituiria Taques caso fosse afastado.
Janaina ainda descartou que o pedido apresentado seja por algum motivo pessoal, destacando que houve o parecer favorável da Procuradoria e que só não apresentou antes por não ter em mãos as provas. Mas que agora a situação é outra, ao juntar a documentação, decidiu então homologar o pedido.
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