Thaís Fávaro
Única News
A bebê identificada com as iniciais C.V.B.S., nascida ao sétimo mês de gestação, após a mãe falecer durante cesárea por complicações decorrentes da covid-19, foi transferida de Barra do Garças (515 quilômetros de Cuiabá), para uma Unidade de Terapia Intensiva (UTI) neonatal na Capital, no último domingo (30), após a família conseguir na justiça uma vaga na unidade. A criança nasceu no sábado (29) e ficou em estado clínico gravíssimo após a mãe sofrer duas paradas cardíacas.
De acordo com a Defensoria Pública do Estado, a família entrou com o pedido de transferência da criança às 7h10 de domingo. O juiz plantonista acatou o pedido e a recém-nascida foi transferida via UTI aérea de Barra do Garças para o Pronto-Socorro Municipal de Cuiabá no mesmo dia, por volta das 10h.
Foi realizado um cateterismo umbilical bem-sucedido no mesmo dia da transferência e apesar da bebê estar com uma infecção, já foi medicada e o quadro de saúde dela apresenta boa evolução. Será realizado um novo teste de Covid na quarta-feira (2) e, se o resultado for novamente negativo, ela deve receber alta e voltar para Barra do Garças.
Segundo o relatório da pediatra do Hospital e Pronto-Socorro de Barra do Garças, a criança necessitava com urgência de transferência para um serviço de referência devido ao risco de óbito. Ainda segundo o relatório, a médica foi comunicada de que existiam três vagas de UTI neonatal em Mato Grosso, mas o Estado se recusou a receber a recém-nascida pela falta de isolamento, apesar de ela ter testado negativo para Covid.
A família procurou a Defensoria Pública no sábado (29) durante o plantão e, no mesmo dia, o defensor público Hugo Leonardo Bonfim Fernandes ingressou com uma ação de obrigação de fazer com pedido de tutela de urgência contra o Município de Barra do Garças e o Estado de Mato Grosso. No domingo, às 7h21, o juiz plantonista deferiu o pedido.
“Fiquei extremamente feliz por garantir acesso à saúde para a recém-nascida, por meio da atuação defensoria”, afirmou Fernandes.
Na decisão, o magistrado determinou que o Município de Barra do Garças e o Estado de Mato Grosso adotassem “as providências necessárias para transferir a menor a uma Unidade de Terapia Intensiva Neonatal pertencente a instituição pública ou privada, pois há vaga disponível no Estado de Mato Grosso, por meio de UTI aérea neonatal, até o limite das 8h do dia de hoje (30), sob pena de multa no importe de R$ 5.000,00 (cinco mil reais) por hora de descumprimento”.
Batalha pela vida
O pai da recém-nascida relatou a luta pela vida da filha que nasceu de 30 semanas e foi diretamente para a incubadora, já que o hospital não possui UTI neonatal. Ele disse que após a morte da esposa, a família tentou uma transferência da bebê para Goiânia, mas não obteve sucesso.
“Foi aí que procurei a Defensoria Pública. O Dr. Hugo viu o caso e na hora correu atrás para poder salvar a minha filha. Hoje, ela está se recuperando bem, graças a essa correria da Defensoria Pública”, declarou o pai, um pouco mais aliviado com a recuperação da filha.
A expectativa do pai agora é segurar a filha em seus braços. “Nem peguei nela. Só vi minha filha pelo vidro. A minha esperança é grande porque a mãe dela estava lutando por ela também e eu estou continuando a lutar”, declarou.
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