Christinny dos Santos
Única News
Após conquistar a confiança de meninas adolescentes, o grupo criminoso liderado pelo menor rondonopolitano de 15 anos, que foi alvo da Operação Mão de Ferro 2, ameaçava as vítimas obrigando-as a pagarem para não terem foto íntimas vazadas para familiares e conhecidos. Mesmo assim, várias imagens eram vendidas na internet e o valor era recebido pelo infrator que comandava o esquema através de uma conta laranja.
O grupo criminoso praticava crimes cibernéticos de extrema gravidade, especialmente aqueles direcionados a crianças e adolescentes. Entre eles estava a indução de suicídio e automutilação. A Operação Mão de Ferro 2, deflagrada pela Polícia Civil, ocorreu de forma simultânea em 12 estados brasileiros, nos quais foram cumpridos mandados de internação, prisão e busca e apreensão.
Conforme o delegado responsável pelo caso, Gustavo Godoy Alevado, o grupo era bem organizado, tinha um modo de agir definido e cometiam vários crimes, além de induzir a autodestruição de menores, sendo: crime de perseguição, ameaça, produção, armazenamento e compartilhamento de pornografia infantil, apologia ao nazismo e invasão de sistemas informatizados e falsidade ideológica.
O líder do grupo criminoso utilizou nome e documento de terceiros para criar uma conta falsa onde recebia dinheiro pela venda de conteúdo pornográfico das vítimas. “A gente constatou que esse adolescente abriu uma conta bancária com dados de terceiros, com o nome de uma mulher, documentos falsos, fotos dessa mulher, ele abriu uma conta, que ele chamou de Conta Lara, que é a conta laranja. E com base nessa conta que ele tinha, ele vendia conteúdo de pedofilia, conteúdo de imagens vazadas dessas meninas, dessas vítimas, ele vendia no ambiente virtual e recebia os valores através dessa conta falsa, documentos falsos. Usava o Telegram para vender esse tipo de conteúdo”, explicou Godoy.
As investigações apuraram ainda que as fotos eram vendidas por até 10 reais e o menor líder do grupo criminoso conseguia faturar cerca R$ 3 mil com imagens de cada adolescente. "Então, assim, o que a gente apurou que eram fotos vendidas por 5 reais, por 10 reais. Mas como ele conseguia vender, de repente, 10 fotos por dia, né? Então, ele ganhava 100 reais por dia. Em um mês, são 3 mil reais por adolescente", disse o delegado.
O delegado explicou que os integrantes do grupo ganhavam a confiança das vítimas e faziam com que elas mandassem imagens com conteúdo íntimo para eles, depois, passavam a ameaçá-las.
“Ele ganhava a confiança das vítimas, das adolescentes, conseguia obter esse tipo de imagem, conseguia receber os chamados nudes, e com base nisso, eles começavam a extorquir essas adolescentes. Então, olha, se você não fizer o que eu estou mandando, eu vou pegar essas fotos e vou divulgar para a sua escola, eu vou divulgar para a sua mãe, para o seu pai”, contou o delegado.
Diante das ameaças, as vítimas se sentiam acuadas de tal maneira que se viam na posição de cumprir as ordens vindas dos criminosos. Ordens essas que iam desde da automutilação se gravar tomando água da privada. “As meninas se sentiram acuadas e eram coagidas a fazer esse tipo de conteúdo, de se cortar, de tomar água da privada. A gente tem alguns vídeos das vítimas pegando água de dentro do vaso sanitário e bebendo, com papel escrito o nome de todos eles, amassando o papel e comendo, então tudo isso era através de ameaças”, revelou Godoy.
Para dar seriedade as ameaças, os criminosos e infratores utilizavam de um mecanismo apelidado de ‘tóxi’. Eles conseguiam dados pessoais dos pais, amigos e até professores, para contatá-los e, em alguns casos, chegavam d fato a enviar a imagens das vítimas para familiares.
Rede criminosa
As práticas criminosas ocorriam principalmente em plataformas como WhatsApp, Telegram e Discord, nas quais os investigados disseminavam conteúdos de violência extrema, estimulavam comportamentos autodestrutivos, realizavam coação psicológica, ameaças e exposição pública de vítimas — em sua maioria, adolescentes — causando danos emocionais e psicológicos severos.
“O Ministério da Justiça e Segurança Pública, por meio do Laboratório, promoveu a integração operacional entre as Polícias Civis dos estados, possibilitando uma ação coordenada, simultânea e robusta. A troca de informações e o alinhamento entre os estados foram fundamentais para que essa operação atingisse abrangência nacional, visando proteger nossas crianças e adolescentes e responsabilizar aqueles que se escondem no ambiente digital para praticar crimes tão graves”, destacou Rodney Silva, diretor de Operações Integradas e de Inteligência da Secretaria Nacional de Segurança Pública, do MJSP.
De acordo com Gustavo Godoy Alevado, delegado adjunto da Delegacia Especializada de Repressão a Crimes Informáticos, "a Operação Mão de Ferro 2 é resultado de um trabalho investigativo minucioso conduzido pela Delegacia Especializada de Repressão a Crimes Informáticos da Polícia Civil de Mato Grosso, em parceria com o Ciberlab do Ministério da Justiça. A deflagração da operação é uma resposta firme e coordenada do Estado à violência digital contra crianças e adolescentes."
Mão de Ferro
O nome da operação representa a resposta firme, rigorosa e coordenada do Estado brasileiro no enfrentamento de crimes de alta gravidade praticados no ambiente digital, especialmente aqueles que atingem crianças e adolescentes. Simboliza o papel da lei e do sistema de segurança pública no combate à exploração digital, violência psicológica e à disseminação de conteúdos de ódio e autodestruição.
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