Luana Valentim
(Foto: Reprodução)
Após ser atendido pela Caravana da Transformação durante a etapa Cuiabá, o paciente Miguel de Oliveira não teve a implantação de uma lente intraocular em seu olho direito e perdeu a visão. As informações constam na denúncia do Ministério Público Estadual contra o governo e o secretário de Saúde Luiz Soares.
No último dia 21, Miguel compareceu a Procuradoria Geral do Estado e relatou, em depoimento gravado em vídeo divulgado pelo Gazeta Digital, que desde o dia 19 de abril – data em que passou pela cirurgia de cataratas –, passou a ter sérios problemas com dor, incômodos, chegando a não mais enxergar pela vista direita. ‘Eu tinha uma vida normal, com problemas de enxergar longe, mas dirigia o meu carro, trabalhava normalmente’.
"Colocou ainda o paciente Miguel, que nesse intervalo de demora de atendimento, procurou uma oftalmologista particular no Hospital dos Olhos sendo que a médica que o atendeu constatou que não foi implantada a lente intraocular", diz trecho da denúncia.
Conforme o depoimento, a médica atendeu Miguel e confirmou a limpeza da catarata, a incisão para a implantação da lente, os pontos de fechamento, mas pela ultrassonografia realizada no consultório, constatou a inexistência de implante de lente.
Miguel relata que ao todo, são 52 pessoas que procuram o Hospital Santa Rita, em Várzea Grande - ponto fixo da empresa 20/20 Serviços Médicos, que prestou serviços oftalmológicos para a Caravana da Transformação –, acreditando que o seu caso possa ser o mais grave.
O paciente declarou ainda que após procurar atendimento oftalmológico pela rede privada, retornou a uma consulta no Hospital Santa Rita e uma das médicas que atende pela Caravana, receitou a ele que comprasse uma lente de contato de 13 graus para colocar no olho em que foi submetido a cirurgia.
Mas, em um dos receituários médicos apresentado por Miguel, relata que foi colocado a lente intraocular, o que foi constatado posteriormente pela própria médica do programa, que o procedimento não foi concluído.
“Fui em uma ótica e a lente mais barata que achei custa R$ 1.750 só para saber se vai dar certo, pois corro o risco de comprar e na hora de colocar, ela não dar certo. Conclusão, eu não comprei. Primeiro porque eu não tinha dinheiro e depois porque eu não sabia se realmente iria dar certo”, relatou.
Miguel declarou que após a deflagração da operação Catarata no dia 3 deste mês, ligaram para ele marcando para o próximo sábado (29), no Hospital Santa Rita. O procedimento que seria realizado foi denominado de reposição de lio (lente intraocular). Porém, no último dia 20, retornaram à ligação para ele e informaram que a cirurgia foi suspensa.
Emocionado, Miguel frisou que desde então sua vida não é mais a mesma, mal podendo sair de casa, sendo que sempre teve uma vida ativa e por falta da visão, agora enfrenta sérias dificuldades.
“Cortaram meu olho, pois a lente intraocular é colocada lá dentro, deram pontos, mas não colocaram a lente. Judiaram de mim. Os 15 dias foram de agonia e sofrimento, minhas filhas sofreram comigo. Três vezes passei por cirurgia e sempre disse que não estava enxergando. Quase três meses depois que identificaram que não estava com a lente. No Hospital dos Olhos a doutora viu que tinha um ponto que secou aqui dentro e não havia tirado”, informou.
Em nota, o governo informou que não recebeu qualquer notificação sobre a nova ação do MPE contra a Caravana e reafirma a idoneidade do processo de escolha, contratação e seleção da empresa 20/20. Ainda declarou que está à disposição dos órgãos de controle para prestar quaisquer esclarecimentos.
O outro lado
O Governo do Estado de Mato Grosso informa que não recebeu qualquer notificação sobre nova ação do Ministério Público Estadual contra o programa Caravana da Transformação.
O Governo do Estado reafirma a idoneidade no processo de escolha, contratação e seleção da empresa 20/20 Serviços Médicos para a execução das consultas e cirurgias oftalmológicas realizadas durante a Caravana da Transformação. Reafirma também a lisura em todo processo de auditoria, fiscalização e pagamento dos referidos serviços, conforme comprovado em ação anterior movida também pelo MPE.
Na ocasião, o Estado rebateu as acusações e comprovou que os dados utilizados na ação eram equivocados. Naquela mesma ação, a Justiça autorizou a continuidade dos atendimentos de pós-operatório para pacientes da Caravana, que haviam sido suspensos.
As 14 edições da Caravana foram auditadas por uma equipe de técnicos especializados e fiscais de contrato, formada por servidores concursados de carreira, com conduta ilibada, capacidade técnica e sem nenhuma mácula funcional.
O Governo do Estado ressalta que está à disposição do Ministério Público e dos demais órgãos de controle para prestar quaisquer esclarecimentos sobre o programa Caravana da Transformação, que em 14 edições realizou mais de 66 mil cirurgias oftalmológicas, retirando da escuridão cidadãos mato-grossenses que anteriormente sequer eram enxergados pelo Estado.
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