Ana Adélia Jácomo
Karine Campos
Única News
O futuro da Santa Casa de Misericórdia de Cuiabá se tornou um dos pontos mais quentes da apresentação do balanço de seis meses de gestão e do fim do decreto de calamidade financeira da Prefeitura de Cuiabá, no Tribunal de Contas do Estado (TCE), nesta quarta-feira (9).
O prefeito Abílio Brunini (PL) afirmou que cogita comprar a unidade para transformá-la em um centro de cuidados paliativos, enquanto o conselheiro do TCE, Sérgio Ricardo, defende com veemência a manutenção do hospital como está, contrariando a intenção de fechamento do governador Mauro Mendes.
Durante a coletiva de imprensa, Abilio reafirmou seu interesse em adquirir a Santa Casa, apesar da grave situação financeira do município. Ele argumenta que, mesmo com as dificuldades, o hospital é um "patrimônio nosso" que não pode ser abandonado. A ideia do prefeito é transformar os 200 leitos da Santa Casa, que ainda conta com 10 centros cirúrgicos, em um hospital de cuidados paliativos.
"Nós temos hoje quase 40% dos leitos de enfermaria e também uma boa parcela dos leitos de UTI ocupados por pacientes paliativos, que não têm para onde eles serem deslocados", explicou. Ele defende que a Santa Casa, nesse novo formato, ofereceria dignidade e qualidade de vida no fim da vida para esses pacientes, além de liberar leitos de UTI, que hoje custam mais de R$ 50 mil por mês por paciente paliativo.
"Tudo o que é judicializado sai mais caro", ponderou, comparando o custo de um leito de UTI de R$ 1.600 por dia com a despesa de um paciente paliativo em UTI.
Sérgio Ricardo: "Impossível fechar a Santa Casa"
Na mesma coletiva de imprensa, o conselheiro Sérgio Ricardo do TCE defendeu categoricamente a manutenção da Santa Casa, chegando a dizer que é "impossível se imaginar em fechar a Santa Casa". Ele confrontou a sinalização do governador Mauro Mendes sobre não pagar mais aluguel e usar o Hospital Central.
"É o único pronto-socorro infantil aberto para a população. Portas abertas. Ele atende 250 crianças por dia". Ele questionou como a saúde poderia ser negada à população e minimizou a capacidade do Hospital Central (gerido pelo Albert Einstein) em substituir a Santa Casa imediatamente, afirmando que "não será portas abertas".
O conselheiro afirmou que, na sua interpretação o Estado já estaria "comprando" a Santa Casa. Segundo ele, o Tribunal Regional do Trabalho gerencia o imóvel, e o Governo do Estado paga R$ 500 mil por mês para quitar dívidas trabalhistas do hospital, cujo passivo total ele estima em R$ 300 milhões.
Sérgio Ricardo já solicitou uma audiência com o Tribunal Regional do Trabalho para validar se esses pagamentos podem ser considerados parte de uma aquisição.
"Na minha opinião, o Estado já está comprando a Santa Casa. Então não tem cabimento se falar em fechar a Santa Casa, sem oferecer imediatamente uma alternativa", frisou.
Ele concluiu que "a Santa Casa jamais vai fechar as suas portas. Soluções irão acontecer. Ou da prefeitura com ajuda de todos os entes, ou do governo do Estado", defendendo que o Estado, como "primo rico", assuma a responsabilidade.
Governo mantém posição firme
O governador Mauro Mendes (União) disse um dia antes que vai mesmo encerrar as operações na Santa Casa de Misericórdia de Cuiabá. NSegundo ele, os serviços atualmente prestados na unidade serão transferidos para os novos hospitais que o Governo de Mato Grosso está construindo, justificando a decisão pela superioridade da nova infraestrutura e pelo fato de o prédio da Santa Casa não pertencer ao estado.
"Já falei 10 vezes sobre isso. Alugamos o prédio, construímos uma casa nova cem vezes melhor que a casa antiga, e vamos mudar todos os serviços para lá. O prédio não é nosso, é do TRT, e todos os serviços serão migrados para o Hospital Central ou outra unidade", declarou o governador à imprensa.
A declaração foi feita durante a entrega do Prêmio Eficiência e Inovação 2025, no Palácio Paiaguás, nessa segunda-feira (7).
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