Ari Miranda
Única News
Menos de um ano após ser preso pelo crime de feminicídio, o médico veterinário Anderson Francisco Magalhães (44) ganhou liberdade nesta quinta-feira (22), por decisão do desembargador Orlando Perri, do Tribunal de Justiça de Mato Grosso (TJMT).
A soltura ocorre menos de um ano depois do criminoso matar a tiros a própria esposa, Ana Paula dos Santos Pereira Magalhães (41) com um tiro na cabeça durante uma discussão na residência do casal, em Cotriguaçu (953 Km de Cuiabá). O crime ocorreu no dia 2 de setembro do ano passado e foi presenciado pela filha do casal, que tinha apenas 5 anos de idade.
O caso corre em segredo de Justiça e a soltura foi revelada através de matéria do programa Cadeia Neles (TV Vila Real) desta quinta-feira (22).
Segundo informações, para ter direito ao habeas corpus, Anderson terá que cumprir uma série de determinações, entre elas, o uso de tornozeleira eletrônica, fato que revoltou os familiares de Ana Paula.
"Nós começamos a receber rumores de que ele estava solto. Todos os dias, acompanhamos o processo e lá constava que ele estava preso. Quando esses rumores começaram a aumentar, nós fomos à promotoria de Cotriguaçu. Eu perguntei se o réu estava solto e responderam que não estava. Passei isso para a família, mas mesmo assim a família decidiu fazer movimentos. Depois, a Promotoria de Justiça de Cotriguaçu entrou em contato e confirmou que ele foi solto”, disse Leide de Oliveira, cunhada da vítima.
“Sim. Ele conseguiu um habeas corpus. Isso é revoltante. Como um homem que foi denunciado por feminicídio está solto? Qual é a resposta que a justiça vai dar?", questionou a mulher, indignada com a liberdade concedida ao assassino.
O crime aconteceu por volta das 15h50 de 2 de setembro do ano passado, um sábado. Após o crime, o veterinário foi até uma distribuidora e disse a um amigo que tinha atirado na própria esposa, que estava em casa. Após confessar o crime, ele pediu para que a testemunha ligassem para o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU) e desapareceu.
As Polícias Militar e Civil foram acionadas, porém quando chegaram no local, encontraram Ana Paula já sem vida dentro do banheiro da residência. No local, também encontraram a filha do casal, de cinco anos, que assistiu à cena macabra.
Na casa, a equipe policial ainda encontrou um revólver calibre 38 em cima da mesa da sala, com uma munição deflagrada e quatro deflagradas. A Polícia Civil foi acionada e conseguiu encontrar o médico veterinário escondido em uma fazenda, na zona rural da cidade
Em depoimento, Anderson alegou que durante a discussão, Ana Paula teria apontado a arma do crime para ele, ocasião em que, segundo ele, entrou em luta corporal com a companheira, tomou a arma dela e efetuou um único disparo, que acertou a cabeça da vítima, versão que foi utilizada pela defesa do suspeito para alegar que o veterinário teria atirado em “legítima defesa”.
Apesar da alegação que resultou na concessão do Habeas Corpus e soltura do preso, a Justiça determinou que ele seja submetido a júri popular.
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