01 de Julho de 2025
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JUDICIÁRIO Sexta-feira, 17 de Setembro de 2021, 14:09 - A | A

17 de Setembro de 2021, 14h:09 - A | A

JUDICIÁRIO / GRAMPOS ILEGAIS

Desembargador critica MPE e se declara impedido para julgar promotor

Orlando Perri diz que já formou convicção de que houve a existência de grampos ilegais em MT.

Abraão Ribeiro
Única News



O desembargador Orlando Perri se declarou impedido para julgar uma ação na qual o promotor de Justiça Marco Aurélio de Castro é suspeito de vazar dados sigilosos para a TVCA, afiliada da Rede Globo, nos autos de uma investigação conduzida pelo Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado). O material vazado dizia respeito a uma interceptação telefônica na qual o desembargador Marcos Machado mantinha conversas com o ex-governador Silval Barbosa a respeito da prisão preventiva da ex-primeira dama, Roseli Barbosa.

Para justificar o impedimento, Perri reconheceu que não há imparcialidade necessária da sua parte para participar da instrução e julgamento da ação. O magistrado diz que já formou opinião de que houve o cometimento da chamada barriga de aluguel, apelido dado a interceptações telefônicas ilegais.

Ao tomar a decisão de deixar o processo, Perri proferiu duras críticas ao Núcleo de Ações de Competência Originária (Naco) Criminal, ligado ao Ministério Público Estadual (MPE) e responsável em investigar autoridades com foro por prerrogativa de função.

Ainda segundo o desembargador, apesar de a Ordem dos Advogados do Brasil, Seccional Mato Grosso, postular a inclusão na peça acusatória da prática do crime de quebra ilegal de sigilo telefônico no âmbito da Operação Ouro de Tolo, na qual o telefone de pessoa não investigada naqueles autos, a saber, do ex-governador Silval Barbosa, foi ilegalmente interceptado, o Naco Criminal simplesmente restituiu os autos, sem qualquer ratificação da denúncia.

Conforme Perri, o Naco também teima em contestar a participação da Ordem dos Advogados em ações provenientes dos episódios da chamada “Grampolândia Pantaneira”, de interesse de toda sociedade mato-grossense. Ainda conforme Perri, não há muito empenho em se descortinar os fatos, especialmente os envolvendo membros do Ministério Público. “O comportamento do NACO desde a eclosão do escândalo é mesmo surreal, para se dizer o mínimo”, salientou o desembargador.

“Nem é preciso, nessa situação específica, mergulhar-se no pélago das intenções humanas para extrair que o propósito era mesmo escutar clandestinamente, por meio da chamada ‘barriga de aluguel’, o alvo do PIC instaurado contra Silval Barbosa, coincidentemente aberto um dia antes de se protocolizar o pedido de interceptação telefônica contra Roseli Barbosa”, afirmou Perri.

O desembargador ressaltou também ainda que há uma articulação proposital de culpar o cabo da Polícia Militar, Gerson Luiz Ferreira Correa Junior, para isentar de responsabilidade outros nomes. Gerson é apontado como um dos responsáveis por operacionalizar o esquema das interceptações, fato que foi confessado. “É a eterna crucificação do Cristo para a libertação de Barrabás”, argumentou Perri.

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