Única News
Da Redação
A complexa trama do superendividamento de servidores públicos em Mato Grosso pode estar apenas começando a ser desvendada. Após reunião da Mesa Técnica que apura o caso, realizada em 12 de junho no Tribunal de Contas do Estado (TCE), autoridades indicaram que há muito mais por vir, além das denúncias já conhecidas.
O deputado estadual Wilson Santos (PSD), representante da Assembleia Legislativa no encontro, foi categórico: "ainda estamos longe do fim, mais revelações virão à tona".
Wilson Santos não hesitou em descrever o cenário como um "capitalismo selvagem", com o setor bancário agindo de forma agressiva. Ele acusa as instituições de se aproveitarem da vulnerabilidade financeira dos servidores, que veem seu poder de compra diminuir anualmente, agravado pela falta de reposição salarial (RGA) e pelos impactos da pandemia de Covid-19.
O parlamentar revelou as consequências devastadoras dessa fragilidade: suicídios, o fim de casamentos e a venda de patrimônios por valores irrisórios. Além disso, denunciou a atuação de "maus vendedores" que teriam aplicado contratos com cláusulas abusivas, muitos dos quais os próprios servidores sequer tiveram acesso físico.
Embora a Mesa Técnica não seja contra o empréstimo consignado em si, que considera uma ferramenta válida em momentos de necessidade, a apuração foca nas práticas ilegais e na falta de boa-fé.
Ameaça de escândalo nacional
A pressão sobre as empresas consignatárias é crescente. Atualmente, a Secretaria de Planejamento e Gestão (Seplag) registra 28 bancos e 37 empresas de cartões (crédito e benefício) que operam em Mato Grosso.
No entanto, o fato de 19 dessas empresas não terem comparecido à reunião do TCE levanta sérias questões sobre o que elas têm a esconder.
O presidente do TCE deu um prazo até 30 de junho para que todas as instituições apresentem os contratos firmados com os cerca de 62 mil servidores que utilizam consignados no estado.
Wilson Santos foi enfático ao alertar que, se as empresas não corrigirem as irregularidades e não demonstrarem transparência, o caso pode ir muito além das fronteiras de Mato Grosso.
"Se vocês não tiverem coragem de dar um passo atrás, abrir mão de parte destes ganhos em favor dos servidores, vamos percorrer suas principais bases – São Paulo, Minas Gerais, Brasília, Paraná, Rio de Janeiro – e vamos dizer em alto e bom som o que vocês fizeram em Mato Grosso", disparou o deputado, sugerindo que o escândalo tem potencial para ganhar repercussão nacional, mesmo que Mato Grosso seja um mercado "pequeno" para essas grandes corporações.
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