Da Redação
(Foto: Reprodução)
O ministro Mauro Campbell, do Superior Tribunal de Justiça (STF), rebateu a Ordem dos Advogados do Brasil em Mato Grosso (OAB-MT) sobre possível falta de celeridade nas investigações por possíveis grampos telefônicos.
Ao jornal Estadão, a assessoria de Campbell afirmou que o ministro ‘não possui uma única investigação ou ação penal sob sua jurisdição sem que esteja em célere andamento, independente das partes envolvidas’.
Ao pedir rapidez, a Ordem afirmou na quinta-feira (26), que "há 260 dias a população mato-grossense vive num clima de incerteza sobre a violação de direitos individuais por meio da quebra ilegal de sigilo telefônico".
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“Estamos há meses diante de uma denúncia gravíssima de uso de aparato estatal para violação dos direitos individuais do cidadão sem ao menos saber a extensão desta violação. Sem uma investigação célere, ficamos de mãos atadas na cobrança dos nossos direitos”, destacou o presidente da OAB, Leonardo Campos.
No dia 25 de maio de 2017, o processo de sindicância para apuração dos fatos foi distribuído ao ministro Mauro Campbell. Quatro meses depois, em 27 de setembro, a sindicância foi convertida em inquérito, avocando assim a competência das investigações que estavam em curso no Tribunal de Justiça de Mato Grosso (TJMT), nas mãos de Orlando Perri.
Escândalo dos grampos
O esquema de “grampos” funcionava por meio da tática de “barriga de aluguel”, quando números de pessoas que não têm qualquer relação com investigações policiais são inseridos de maneira disfarçada – sob outras identificações – em pedidos de quebra de sigilos telefônicos feitos à Justiça. Até o momento, apenas Evandro Lesco e o cabo Gérson Correa confessaram participação no esquema.
A operação Esdras, desencadeada pela Polícia Civil, em setembro de 2017, com base no depoimento prestado pelo tenente coronel da Policia Militar José Henrique Costa Soares, revelou um verdadeiro esquema criminoso que inseriu nome de políticos, jornalistas e empresários em uma lista que estava sendo utilizada para monitorar traficantes.
O esquema dos grampos passou a ser conhecido quando o ex-secretário de Segurança Pública, Mauro Zaque, em 2015, recebeu uma denúncia de forma anomia alertando sobre o escândalo sendo impetrado supostamente pela Polícia Militar. O caso era investigado pela Procuradoria-Geral da República (PGR).
São réus do esquema: o ex-comandante da Polícia Militar, coronel Zaqueu Barbosa; os coronéis Evandro Alexandre Lesco e Ronelson Barros, ex-chefe e ex-adjunto da Casa Militar, respectivamente; o coronel Januário Batista; e o cabo Gérson Correa Júnior. Dos cinco, apenas Zaqueu continua preso.
Confira nota da OAB na íntegra:
“Há 260 dias a população mato-grossense vive num clima de incerteza sobre a violação de direitos individuais por meio da quebra ilegal de sigilo telefônico desde que descoberto o esquema de grampos orquestrado no Estado. Diante da situação, a Ordem dos Advogados do Brasil – Seccional Mato Grosso (OAB-MT) requereu ao ministro do Superior Tribunal de Justiça (STJ), Mauro Campbell, celeridade nas investigações, possibilitando o devido desmembramento do processo.
“Estamos há meses diante de uma denúncia gravíssima de uso de aparato estatal para violação dos direitos individuais do cidadão sem ao menos saber a extensão desta violação. Sem uma investigação célere, ficamos de mãos atadas na cobrança dos nossos direitos”, destacou o presidente da OAB-MT, Leonardo Campos.
O assunto veio à tona após denúncia de que vários cidadãos tiveram seus telefonemas interceptados em um esquema conhecido como “barriga de aluguel”, no qual os números foram inseridos indevidamente em processos de investigação de tráfico de drogas para obter autorização judicial para a quebra do sigilo.
No dia 25 de maio de 2017, o processo de sindicância para apuração dos fatos foi distribuído ao ministro Mauro Campbell. Quatro meses depois, em 27 de setembro, a sindicância foi convertida em inquérito, avocando assim a competência das investigações que estavam em curso no Tribunal de Justiça de Mato Grosso (TJMT).
À época, o relator do caso no TJMT, desembargador Orlando Perri, solicitou prazo de 24 horas para a conclusão das investigações, mas o pedido foi negado e, desde então, tramita no STJ.
Durante o levantamento no âmbito do Judiciário mato-grossense, chegou-se à estimativa de que, desde 2014, quando datam as primeiras denúncias sobre quebra de sigilo ilegal, cerca de 70 mil interceptações telefônicas tenham sido realizadas em Mato Grosso. No entanto, ainda não se sabe quem foram os alvos.
Dentre as dezenas de números já constatados na denúncia original, foram quebrados os sigilos telefônicos de advogados, jornalistas, servidores públicos, políticos, médicos, agente funerário, entre outros. Contudo, as vítimas e a sociedade mato-grossense ainda aguardam o desfecho das investigações para que possam adotar as devidas ações.
Desde que o escândalo veio à tona, a OAB-MT vem acompanhando atentamente o caso e cobrando as medidas cabíveis das autoridades competentes. Inclusive, a entidade foi autora de notícia-crime que motivou as investigações por parte do TJMT.
“Precisa ser solucionado o quanto antes, oferecendo resposta eficaz à população - para que cesse o sentimento de impunidade que começa a ganhar corpo na sociedade mato-grossense -, notadamente diante do transcurso de mais de 260 dias desde a eclosão deste escândalo, capaz de ruborizar a mais rígida das ditaduras”, destacou o presidente no ofício enviado ao STJ”.
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