Mayara Campos
Única News
O deputado estadual João Batista (PP), presidente da Comissão de Segurança Pública da Assembleia Legislativa de Mato Grosso, afirmou que tentará impedir a aprovação do Projeto de Lei (PL) que obriga a instalação de câmeras nas fardas e nas viaturas das forças policiais de Mato Grosso. O autor do PL 619/2021, deputado Wilson Santos (PSDB), rebateu o colega e disse que irá defender a aprovação da matéria em sua integralidade.
O policial penal declarou à imprensa, nesta quarta-feira (09), que irá apresentar um substitutivo integral ao texto elaborado por Wilson.
“Estamos apresentando o substitutivo para impedir a aprovação do projeto nos moldes em que se encontra. Temos uma preocupação muito grande com isso, projetos apresentados aqui na Casa, antes eles precisam passar por especialistas da área. Eu não tenho conhecimento que nem um especialista de Segurança Pública”, disse Batista.
De acordo com o parlamentar, o novo texto deve excluir alguns grupos das forças policiais ao uso obrigatório das câmeras.
“Nós queremos descaracterizar a forma como o projeto foi apresentado, queremos um projeto que possa até monitorar esses policias, mas que monitore de modo que não coloque em risco a segurança do operador [...] A câmera seria colocada, mas não em todas as forças policiais e não em todas as viaturas. Isso ainda está sendo estudado”, explicou o deputado.
O presidente da Comissão de Segurança Pública relatou que acredita que o uso das câmeras irá dificultar o trabalho dos policiais, pois os profissionais podem se “sentir inibidos” em confrontar os criminosos, se estiverem sendo filmados.
“O policial, principalmente no momento de crise, ele tem um período muito pequeno entre o pensar e agir. Imagina você, sabendo que ele está ali constantemente fiscalizado por uma câmera e que ele sabe que tem que agir para salvar a vida de um cidadão. Naquele momento ele vai ter que pensar de forma antecipada e com bastante tempo. Ele não tem esse tempo para pensar, ele vai se sentir inibido na hora de agir e salvar a vida de um cidadão”, disse Batista.
Foto: Assessoria
“O cidadão de mal tem que cair na mão da polícia e ir para as estatísticas mesmo. Quem enfrenta a polícia tem que ir para as estatísticas. O que não podemos é impedir a ação policial, porque quando o policial entra em confronto com o bandido e ele tomba, é porque ele foi defender o cidadão de bem”, complementou.
Em relação a votação unânime favorável do parecer pela Comissão, João Batista afirmou que “não sabe” como isso ocorreu. Lembrando que ele votou a favor no dia 14 de setembro de 2021.
“Houve uma falha e assumo aqui, da própria Comissão de Segurança Pública. Até agora a gente não entende como esse projeto passou por mim e pelo deputado Elizeu Nascimento (PL), mas estamos tentando recuperar”, explicou.
Para o parlamentar, a medida irá beneficiar os criminosos e reafirmou que não há dados que comprovem a redução dos índices de criminalidade nos estados que já adotaram o uso das câmeras.
“Sucesso entre aspas. É sucesso total para o criminoso. Porque reduziu o número de criminosos que foram mortos, mas o que eles estavam fazendo em confronto com a polícia? E outra: reduziu os índices de criminalidade? Até agora o Fórum Brasileiro de Segurança Pública não apresentou nenhum relatório que comprove que reduziu latrocínio, homicídio e tráfico de drogas em função da utilização dessas câmeras”, finalizou.
Outro lado
Foto: Angelo Varela/ALMT
O deputado Wilson Santos (PSDB) defende que o equipamento irá ajudar a “resguardar o policial e comprovar a correta abordagem, preservando a ação e as provas nelas colhidas”, prática que já é realidade nos estados de São Paulo, Santa Catarina e Rio de Janeiro e tem se mostrado eficaz na redução dos níveis de violência.
Em São Paulo, por exemplo, o uso de câmeras acopladas aos uniformes de policiais militares reduziu em 85% o número de mortes em confrontos nos últimos sete meses do ano passado, comparados ao mesmo período de 2020.
De acordo com Wilson, faltam informações aos colegas opositores, deputados João Batista e Elizeu Nascimento.
"Faltam informações. Nos estados de São Paulo, rio de Janeiro e Santa Catarina, o uso das câmeras reduziu gigantescamente o número de homicídios. Em Santa Catarina, a redução passou de 60%. Em São Paulo, a redução no número de homicídios na atuação e nos procedimentos militares caiu em 90%, inclusive isso é muito importante até para defesa do policial. Ele tem imagens provando que fez sua defesa. Porque a legislação permite que aja sob ameaças com rigor da lei. Então, não vejo nenhum problema", concluiu o tucano.
FAÇA PARTE DE NOSSO GRUPO NO WHATSAPP E RECEBA DIARIAMENTE NOSSAS NOTÍCIAS!
