Daniel Grandinetti - Psicólogo Clínico
Angústia é a sensação de que posso mudar esse presente desfavorável que vivo, mas não sei como. Parece-me já ter tentado muita coisa, sem efeito. Tudo mais que penso em fazer, avalio com pessimismo, como se não valesse a pena, seja por não acreditar num resultado positivo seja por duvidar do alcance da auto superação que creio necessária para manter viva a possibilidade de sucesso. Ansiedade, por sua vez, é a sensação de que devo mudar esse presente desfavorável que vivo, mas não sei como. Assim como na angústia, quando ansioso também creio já ter tentado muita coisa, sem efeito, mas avalio com otimismo tudo mais que penso em fazer. O ansioso acredita que pode mudar as coisas, e que a auto superação é o caminho.
Se o presente não for mudado, o futuro negativo não será evitado. O angustiado acredita que pode evitá-lo, mas situa essa possibilidade além de seu alcance. Logo, ele encara a inevitabilidade do futuro que poderia evitar. O futuro é inevitável porque ele, angustiado, está aquém da possibilidade de mudar o presente. A possibilidade continua aberta, mas ele não a alcança. O ansioso acredita que evitar o futuro negativo é um dever, e situa a possibilidade de mudar o presente ao alcance das mãos. Porém, não consegue agarrá-la. Para ele, essa possibilidade está logo ali, e ele deveria ser capaz de enxergá-la; mas não a enxerga, apalpando o vazio em vão. Mesmo evitável por princípio, para ele o futuro tornou-se inevitável em virtude de sua própria incompetência. A possibilidade continua aberta, está ao seu alcance, mas ele não sabe aproveitá-la.
O angustiado é um pessimista por acreditar na inevitabilidade do futuro. Mas desconcerta-o essa pitada de otimismo que o faz crer na possibilidade de mudar o presente, ainda que ela esteja fora de alcance. O ansioso é um otimista por acreditar que o futuro pode ser evitado. Mas desconcerta-o essa pitada de pessimismo que o faz duvidar de sua competência para aproveitar a possibilidade de mudança. A pitada de otimismo da angústia pode crescer e transformá-la em ansiedade, e a pitada de pessimismo da ansiedade também pode crescer e convertê-la em angústia. Assim, atemoriza o angustiado a possibilidade de descobrir que a possibilidade sempre julgada por ele como fora de alcance está na verdade em suas mãos, e que ele não a alcança por sua própria incompetência. Semelhantemente, atemoriza o ansioso a possibilidade de descobrir que a possibilidade sempre julgada por ele em suas mãos está na verdade fora de alcance, e que ele não a agarra por ela lhe ser inacessível.
O flagelo do angustiado é a consciência de saber-se capaz de fazer mais por si do que faz realmente. O flagelo do ansioso é a consciência de saber-se obrigado a fazer por si menos que gostaria. O angustiado teme descobrir que sua liberdade de ação é muito maior que acredita; o ansioso teme descobrir que a sua é muito menor.
Se o angustiado persiste em desafiar o necessário para se manter aquém do possível e se o ansioso persiste em desafiar o possível para ir além do necessário, o sentimento de impotência pode abatê-los: o angustiado por se sentir impotente em ir mais além até o necessário e o ansioso em se manter mais aquém até o possível. O resultado, para os dois, pode ser a depressão. Por trás do depressivo, esconde-se tanto o angustiado que se apieda de si por não alcançar o necessário quanto o ansioso que culpa o mundo por ter-lhe proibido o possível. O deprimido convoca as forças antagônicas da angústia e da ansiedade que, anulando-se, jogam-no abatido ao chão. É na depressão que a angústia e a ansiedade realizam todo o seu potencial.
Daniel Grandinetti - Psicólogo clínico
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